Multiplier events realizados nos 4 países parceiros

Formação "Spark IT up!" na Eslovénia

De 24 a 28 de abril deste ano, 16 raparigas e 8 mentores da Lituânia, Eslovénia, Portugal e Grécia participaram nos cinco dias de formação "Spark IT up! em Ljubljana, na Eslovénia. Esta atividade internacional de formação e aprendizagem é uma das últimas atividades planeadas do projeto SparkDigiGirls (www.digigirls.eu).

O principal objetivo desta atividade de aprendizagem era capacitar as raparigas e os mentores para se tornarem embaixadores do recém-desenvolvido programa de ensino à distância Liberta a tua CriaTIvidade com a Tecnologia nas suas comunidades. Bem como, suscitar o interessasse pelo mundo da tecnologia ao maior número possível de raparigas.

Os cinco dias de formação passaram num instante. Era da maior importância para os organizadores criar um ambiente amigável e aberto para todos os membros do grupo desde o primeiro minuto da formação. Por isso, o primeiro dia da formação foi dedicado a conhecer os participantes e a criar um espaço seguro para a aprendizagem. Utilizando diferentes métodos de trabalho com jovens, as raparigas e os técnicos de juventude apresentaram-se e conheceram-se. O segundo dia da formação incluiu uma apresentação de diferentes tecnologias digitais, como a inteligência artificial, a impressão 3D, a realidade aumentada e outras tecnologias. Os participantes também visitaram o Instituto Jožef Stefan, um dos institutos de investigação mais conceituados da Eslovénia. Aí, ouviram uma palestra sobre inteligência artificial e a forma como esta está a mudar o nosso mundo e foram convidados a fazer experiências de química. No terceiro e quarto dias da formação, os participantes, divididos em diferentes equipas, concentraram-se em tarefas criativas. O objetivo das tarefas era apresentar soluções criativas para os temas e as tecnologias propostas por cada um dos países parceiros. As raparigas apresentaram soluções fantásticas. Por exemplo, criaram um protótipo moderno de um sapato grego antigo utilizando aplicações de inteligência artificial, também associaram um texto com imagem utilizando uma aplicação de realidade aumentada. Utilizando o ambiente de programação Scratch, criaram uma receita interativa para o prato lituano "Šaltibarščiai". Durante a formação, as raparigas foram também convidadas a aprender sobre os microcomputadores Arduino, como funcionam e para que podem ser utilizados. Esta atividade foi apresentada pelos representantes da academia "Girls do code" da Eslovénia. O último dia da formação foi dedicado à criação de conteúdos digitais, à avaliação da formação, à entrega de certificados aos participantes e a uma festa de despedida.

No final das atividades de formação, as raparigas e os mentores foram convidados a preencher um formulário de avaliação da formação. As avaliações revelam que a formação foi realizada com êxito. Nas suas avaliações, os participantes sublinharam a utilidade da tecnologia para encontrar soluções em situações da vida real. "Através deste projeto, apercebi-me de que o mundo das TI é muito diversificado. Aprendi muitas coisas novas: realidade aumentada, modelação e impressão 3D, gráficos, edição de vídeo e até programação. E o que mais me surpreendeu foi o facto de nem tudo ser tão complicado como parecia. Só é preciso não ter medo, tentar e tudo se resolve. Foi divertido! (Lituânia).

Os participantes também estabeleceram contactos significativos e viveram grandes momentos durante a formação, tendo conhecido os seus pares de diferentes países europeus. "Foi tão emocionante quando soubemos que a nossa equipa tinha ganho o concurso e que iria para a Eslovénia! Foi a minha primeira viagem ao estrangeiro e diverti-me imenso a interagir e a colaborar com raparigas de Portugal, da Grécia e da Eslovénia." (Lituânia). "O projeto SparkDigiGirls ficará na minha memória e no meu coração. Deu-me muitos conhecimentos úteis, ajudou-me a melhorar as minhas capacidades de trabalho em equipa e apresentou-me a outras culturas. Estou muito grata pela oportunidade de aprender e descobrir tantas coisas úteis" (Grécia).

Como podemos aumentar o interesse das raparigas pelo mundo da tecnologia ainda na escola?

Como podemos aumentar o interesse das raparigas pelo mundo da tecnologia ainda na escola?

O Ano Europeu das Competências começou oficialmente em 9 de maio de 2023. Para contribuir para o desenvolvimento de competências, a equipa da Plataforma de Competências e Empregos Digitais, em conjunto com a Comissão Europeia (CE), organizou um concurso e selecionou o projeto Empower Girls' Creativity Through Use of Digital Technologies (SparkDigiGirls, www.digigirls.eu) como finalista dos Prémios Europeus de Competências Digitais 2023 na categoria Juventude no mundo digital. Esta é uma das cinco categorias anunciadas, com um total de 330 candidaturas para este concurso.

"O nosso projeto é único porque combina três elementos diferentes: tecnologia, criatividade e raparigas. Estamos muito orgulhosos com a avaliação da CE. Somos o único da Lituânia a chegar à final", afirma Laura Grinevičiūtė, diretora da Associação Rural Internet Access Points.

Este prémio confirma a relevância do tema do projeto escolhido - a sub-representação das raparigas nas Tecnologias da Informação (TI). De acordo com os dados do Eurostat de 2021, as mulheres representam apenas 19 % de todos os estudantes de TI na UE. Na Lituânia, a proporção de mulheres que estudam TI é de cerca de 23%, na Grécia de 21%, em Portugal de 20% e na Eslovénia de 17%.

Principais razões que influenciam o fraco interesse das raparigas pelas tecnologias

A investigação demonstrou que, no ensino primário, rapazes e raparigas têm quase a mesma probabilidade de querer trabalhar em áreas relacionadas com as tecnologias. No entanto, as atitudes e opiniões das raparigas mudam mais tarde na vida e é mais provável que escolham carreiras nas ciências sociais, humanas e medicina do que em TI, engenharia ou matemática.

Há muitas razões para a falta de interesse pelas TI. As crenças negativas e os estereótipos sobre a tecnologia, como "a informática é um trabalho de homem", "a informática é só codificação", influenciam as escolhas das raparigas.

A falta de exemplos de mulheres bem-sucedidas nas TI também contribui para o pouco interesse das raparigas por estas. Além disso, as raparigas não compreendem as oportunidades oferecidas pelo sector das TI e, por conseguinte, não as aproveitam. "As raparigas pensam que as pessoas que trabalham em TI se sentam à frente de um ecrã de computador de manhã até tarde da noite e codificam. Mas isso é um mito. Há muitos empregos diferentes e criativos no sector das TI, como designer gráfico, analista de dados, engenheiro, gestor de projetos de TI, etc.", afirma Renata Danielienė, professora na Faculdade de Kaunas da Universidade de Vilnius.

A tecnologia pode ajudar a libertar a criatividade

Em resposta à necessidade de aumentar o interesse das raparigas pelo mundo das TI, parceiros da Lituânia, Portugal, Eslovénia e Grécia lançaram um projeto internacional de dois anos financiado pelo Programa de Parceria Estratégica Erasmus+ para a Juventude.

O projeto visa envolver as raparigas com 14 ou mais anos nas tecnologias mais recentes (como a inteligência artificial, a realidade aumentada, a Internet das coisas e a programação), integrando uma abordagem criativa e demonstrando como a tecnologia pode ser utilizada nas atividades quotidianas.

Programa Liberta a tua CriaTIvidade com a Tecnologia

O projeto desenvolveu o programa de aprendizagem online: Liberta a tua CriaTIvidade com a Tecnologia. O objetivo do programa é envolver raparigas com idades entre os 14 e os 18 anos num modelo de aprendizagem prático e experimental para resolver várias situações e problemas do quotidiano através da utilização prática de tecnologias modernas como a inteligência artificial, a realidade aumentada, a programação, a cadeia de blocos e a computação em nuvem.

"Atualmente, estamos a assistir a uma evolução das linguagens de programação complexas para sistemas intuitivos que não requerem conhecimentos profundos e prévios. Foi este o modelo que escolhemos para este projeto. Ferramentas online, apps e aplicações móveis ajudam a aumentar a motivação das raparigas para aprender, a criatividade, o interesse pela tecnologia e a compreensão dos seus benefícios práticos", afirma Renata Danieliene.

Entre janeiro e março deste ano, 279 raparigas da Lituânia, Portugal, Eslovénia e Grécia participaram na formação piloto da aplicação. O programa de ensino à distância consiste em 16 percursos de aprendizagem distintos, designados por desafios. Cada desafio abrange um tópico ou área específica de interesse para raparigas com 14 anos ou mais. Por exemplo, moda, design, ambiente, culinária, arte, etc. Cada desafio tem duas componentes principais interligadas: tecnologia (inteligência artificial, realidade aumentada, Internet das coisas, codificação, modelação e impressão 3D, computação em nuvem, cadeia de blocos) e situações/problemas da vida real que as raparigas enfrentam no seu quotidiano. Por exemplo, como fazer um presente de aniversário em 3D, como desenhar roupas utilizando programação, como aprender sobre a pegada de carbono, como criar um sítio Web de culinária, como criar o seu próprio NFT e muitos outros desafios interessantes.

Cada desafio é implementado com passos específicos. As raparigas são apresentadas a quase 30 ferramentas online e aplicações móveis diferentes. Seguindo os passos e as tarefas interativas, elas saberão exatamente por onde começar e como completar o desafio. O programa está disponível gratuitamente para todos os utilizadores registados através da plataforma Moodle em cinco línguas.

O que é necessário para mudar a atitude das raparigas?

Para além do programa de aprendizagem online, os parceiros do projeto organizaram várias atividades interessantes. "Durante o projeto, foi muito importante para nós mostrar às raparigas que há mulheres a trabalhar em TI. Fizemos vídeos, organizámos diferentes debates nas escolas, organizámos eventos online, atividades de aprendizagem internacionais, gerimos uma conta no Instagram para que as raparigas pudessem conhecer as mulheres, as suas histórias, trabalhos interessantes, especialidades em TI, etc." - afirma Laura Grinevičiūtė, diretora da Associação Rural Internet Access Points.

Esperamos que os resultados do projeto ajudem a quebrar preconceitos e estereótipos e a aumentar o interesse das raparigas pelo mundo da tecnologia.